Capítulo 4 - Hora da História!

Enquanto Xavier ia com seus amigos Tierno e Trevor para uma palestra Pokémon que, coincidentemente, seria dada pelo Professor que o garoto estava à procura, um homem de roupa formal caminhava, com um rosto escondido por um chapéu, pelas calçadas de Lumiose.

''É melhor eu ligar logo para o Cassius.'' — Pensando nisso, ele vai até um beco escuro e afasta um pouco uma das mangas de seu sobretudo, revelando um relógio preto. 

Depois de ligar o aparelho e digitar algumas teclas, uma segunda tela sai de dentro do dispositivo. A imagem de um punk então aparece em uma das telas, assim como a do homem misterioso aparece na outra.

— Bonjour, Cassius.

— Ora, ora, então conseguiu usar o X-transceiver.

— Não me faça piadinhas, homem, não tenho culpa de preferir a tecnologia de alguns anos atrás.

— Haha, deixe de ser tão sério, às vezes é preciso quebrar o gelo.

— Enfim, não vamos ficar papeando bobagens, me diga: já estão a postos?

— Oui, pode ficar tranquilo, se acontecer alguma coisa, estaremos prontos para agir.

— Trés bien, está na hora da ação, tenho de correr se quiser chegar a tempo da palestra começar.

— Ok, desligando.

A transmissão então é encerrada e Looker desliga o aparelho, cobrindo-no novamente com a manga do sobretudo e voltando ao caminho que percorria.

~•~•~•~•~

Enquanto caminhavam até o local onde aconteceria a palestra, Tierno, Trevor e Xavier conversavam.

— Que milagre sua mãe lhe ter deixado sair, Xavier.

— Oui, é mesmo bem difícil lhe ver fora do restaurante, exceto quando vai fazer entregas.

— Deixem de exageros, a questão é que eu não tenho muito para onde ir, acho que vocês são meus únicos amigos.

— Por isso mesmo você tem de sair mais, nós somos ótimos em escolher passeios. 

— Exatamente, Tierno. — Trevor concorda, fazendo pose de metido com o amigo.

— Oh, vocês são tão humildes. — Xavier ironiza.

— Haha, oui, somos mesmo.

— Hey, mas nos diga, Xavier, quais novidades você queria nos contar?

— Algo incrível aconteceu comigo ante-ontem, tão incrível ao ponto de vocês acharem que eu esteja mentindo ou ficando maluco.

— Conte logo, cara, está me deixando com fome só de ficar fazendo mistério!

— Acredite, Tierno, isso não nos surpreende. — Trevor zomba, irritando Tierno.

— Ok, vou contar, mas espero que vocês acreditem no que eu esteja dizendo.

— Acreditaremos, pode confiar. 

— Err... eu conheci a Campeã Diantha.

Diferente do que tinham prometido, Tierno e Trevor começam a rir, achando que o que o amigo tivesse dito era alguma piada.

— Hahaha, isso foi divertido, Xavier, mas não temos tempos para besteiras, vamos andar mais depressa se quisermos chegar à palestra.

— Aff, não acredito que fiquei com fome por causa disso!

— Vocês prometeram que acreditariam em mim!! — Xavier se irrita.

— Como você poder provar que isso é verdade? Desculpe, Xavier, mas é difícil acreditar nisso. — Trevor desafia.

— Vocês querem provas?? — Ele retira do seu bolso o relógio que Diantha lhe tinha entregado no dia que a conhecera e o coloca no pulso. — E agora, acreditam em mim?

— Mon Dieu!!! — Trevor fica de queixo caído, enquanto Tierno fica sem entender o que aquilo significava.

— Como um relógio pode provar que você conheceu a Grande Campeã? Deixe de zoeira, Xavier, estou perdendo tempo, enquanto poderia estar comendo.

— Tierno, deixe de ser idiota, esse é um Mega Ring equipado com uma KeyStone!

— Exactement.

— Pardon, mas ainda estou sem entender..

— Às vezes, você parece ter amnésia ou algo do tipo, eu lhe falei disso ontem mesmo.

— Ooooh, acho que estou começando a lembrar! Isso tem a ver com Megaevolução, certo?

— Oui palerma, esse relógio é um dos itens especiais para segurar uma mega pedra.

— Isso mesmo, e foi a Campeã que me presenteou com isso, pois eu a ajudei contra um ventilador possuído.

— Err... Até a parte de que Diantha lhe entregou isso, dá para acreditar, mas ventilador possuído? — Tierno começa a pensar o que poderia ter acontecido com seu amigo. — Você esqueceu de tomar algum medicamento ou algo do tipo?

— Eu sei que pode parecer estranho, mas acreditem: a coisa saiu do teto e começou a perseguir eu e a Campeã, a quem fui fazer uma entrega!

— Hmm, pelo que minha mente está deduzindo, um Rotom pode ter possuído o ventilador, já que esse tipo de Pokémon fantasma consegue invadir qualquer aparelho movido à energia elétrica.

— Não havia pensado nisso, Trevor, realmente pode ser o que me aconteceu.

— Acho que estou sobrando. — Tierno parecia estar desligado do contexto, provavelmente pensando em hambúrguer e fritas.

— Tierno, vá comprar um cachorro-quente e nos deixe conversar, já que sua cabeça parece não estar funcionando hoje. — Trevor recomenda.

— Humph, chatos, é melhor mesmo eu ir comer do que ficar ouvindo suas loucuras!! — Ele então vai até uma barraquinha de comida do parque onde estavam, deixando seus amigos papeando.

— Agora me diga, Xavier, como você ajudou a Diantha?

— Bien, o bicho começou a avançar na direção dela, então eu apenas a empurrei pro lado, fazendo com que o ventilador atingisse a parede.

— Intéressant... A mais coerente hipótese é de que alguém mandou o tal Rotom atacá-la, apesar de que esse tipo de Pokémon é bem danado, talvez só estivesse brincando.

— O que importa é que ficou tudo bem com a Campeã e ela me recompensou entregando esse relógio, essa pedra colorida e outra maior, azul, que eu resolvi deixar em casa. 

— A maior deve ser uma Mega Stone, que é usada pelo Pokémon que irá megaevoluir. Nos últimos anos, os pesquisadores vêm fazendo expedições e descobrindo cada vez mais pedras desse tipo. Eu acompanho as pesquisas do Professor Sycamore pelo seu blog, onde ele posta sobre o que vem desvendando. A megaevolução ainda é um grande mistério, poucas pessoas conseguem usufruir dela, até agora a Campeã e a líder Korrina são as únicas que usam esse tipo de evolução oficialmente em suas batalhas.

— Será que os pesquisadores sabem qual o Pokémon que reage à minha pedra?

— As únicas mega stones que os cientistas sabem com que tipo de Pokémon reagem, até agora, são a Gardevoirite, utilizada por Diantha, a Lucarionite, utilizada por Korrina e, se eu não me engano, a Gyaradosite, que megaevolui Gyarados e que está guardada no Museu Nacional, um lugar muito legal para aprender mais sobre esse tipo de coisa. Vários outros tipos dessas pedras já foram encontrados, mas só são conhecidos os reagentes dessas três.

Trevor então liga o aparelho verde que segurava na mão e mostra a imagem das três Mega Stones para Xavier.

— Como eu pensava, a minha não é parecida com nenhuma dessas.

— Então por que será que a Diantha lhe presenteou com algo tão raro? Não esqueçamos da Key Stone, que, apesar de ser mais fácil para encontrar, também é muito valiosa, assim como o Mega Ring, um item caríssimo de alta tecnologia.

— Não faço ideia, ela disse para mim que tinha visto o brilho nos meus olhos enquanto eu assistia à uma de suas batalhas, que estava sendo transmitida na televisão de seu quarto.

— Talvez ela ache que você merece possuí-la, já que objetos desses são muito especiais. Ah, já estava esquecendo de perguntar: por que você estava no Laboratório do Professor?

— A própria Diantha me entregou um cartão com o endereço dele, quando eu disse que meu sonho era ser um Treinador Pokémon, mas que não tinha um. Ela contou que ele pode me entregar uma espécie em troca de eu participar de um tal projeto ou algo assim, que envolve partir em jornada para listar todos os Pokémon presentes na região.

— Acho que você está falando da Pokédex, é um equipamento inventado na região de Kanto, mas o Professor está produzindo uma versão atualizada para nossa região.

— Sim, acho que é esse o nome.

— Pensei que sua mãe não lhe permitisse partir em jornada.

— E não permite, mas, sabe, eu estou cansado de não poder ter minha independência, terei de convencê-la de qualquer jeito, pois é isso que eu quero e é isso que irei fazer.

— Eu e Tierno sempre lhe dissemos para fazer isso, ainda bem que você está tomando coragem.

— Oui, quero conversar com o Professor depois dessa palestra, seria legal se vocês me acompanhassem!

— E assim o faremos, pode ficar tranquilo, amigos são para essas horas, aliás, a Diantha também estará lá, ela é uma grande amiga dele e foi convidada para falar sobre como vem financiando e também estudando os projetos de megaevolução. 

— Parfait, assim também poderei conversar com ela!

— Bien sûr, agora é melhor irmos, porque ainda temos muito o que caminhar, além de que vamos ter de tentar explicar tudo ao Tierno.

— Oh-oh, isso vai ser difícil.

— Não tenha dúvida.

Os dois então vão até o amigo, que ainda estava comendo, e tentam fazer com que ele pare de o fazer, o que leva alguns bons minutos. 

Capítulo 4 - Hora da História!

Temporada 1 - Arco 1 

Enquanto isso, Yvi acabava de pousar na praça de Vaniville, onde Marina a esperava. Já seu Pokémon, Bravo, pousa direto em casa, entrando pela janela e indo comer seu alpiste.

— Yvi, você voltou! — Ela corre até a amiga quando a vê chegando.

— Oui, e consegui o que você queria.

Ela então tira a pedra que tinham roubado da avó da garotinha e a entrega, recebendo um abraço muito carinhoso alegre.

— Estou tão feliz, sempre lhe serei grata por isso, minha avó ama essa pedra, merci beaucoup!

— Haha, não precisa agradecer, você também já fez muito por mim.

— Preciso sim, hehe, mas me diga: como você conseguiu vencer aquele grandalhão?

— Bien, na verdade, eu perdi para aquele brutamontes, mas um garoto apareceu do nada e venceu ele numa das melhores batalhas que eu já assisti, digna de Campeões.

— Uh la la, então um príncipe encantado apareceu e lhe salvou! Ele estava montado em um cavalo branco?

— Você é tão fantasiosa, menina... — Yvi dá um risinho. — Na verdade, ele estava montado em um dragão laranja muito forte.

— Yvi e o menino do dragão estão namorando, Yvi e o menino do dragão estão namorado! — Marina cantarolava, irritando a loira.

— Deixem de bobagens, menina, sabe muito bem que não tenho tempo nem disposição para namoro, muito menos com um estranho, sempre fui independente.

— Acalme-se, por favor, eu só estava brincando.

— Pardon, eu sei que sou muito fria às vezes, mas você sabe muito bem tudo o que passei, às vezes não confio em ninguém, mas com aquele garoto foi diferente, desde que ele apareceu eu sabia que poderia confiar nele.

— Acho que eu entendo, existem almas que são conectadas desde muito tempo, minha avó sempre diz isso. Você e esse garoto podem se encaixar nisso.

— Humph, isso eu não sei, mas algo que tenho certeza é que é melhor você esconder essa pedra muito bem dessa vez, porque pelo o que eu vi que ela pode fazer, é um objeto muito valioso.

— Uma pedrinha colorida valiosa? Do que está falando?

— Acha mesmo que se fosse só uma pedrinha colorida um ladrão assaltaria sua casa só para roubá-la? O que eu vi foi de outro mundo, Marina, o Garchomp do homem começou a reagir à ela de uma hora pra outra e, depois de tanto brilhar, o Pokémon ficou muito mais forte e com uma aparência totalmente diferente. O mesmo aconteceu com o Charizard do garoto, só que a pedra dele era diferente da sua.

— Mon Dieu... Não acha melhor ir até lá em casa conversar com minha avó sobre isso?

— Ótima ideia, vamos lá.

As duas então caminham alguns passos até a humilde casa onde a garotinha morava com uma senhorinha de uns 90 anos. Chegando lá, Yvi tira os sapatos para entrar, dirigindo-se até onde a idosa, que estava sentada numa cadeira de balanço.

— Olá, meninas. 

— Bonjour, dona Hayashi, muito obrigado por me receber em sua casa. — A loira agradece formalmente, reverenciando de forma japonesa a velhinha, que retribui fazendo o mesmo.

— Eu é que agradeço imensamente por ter recuperado minha preciosa e estimada joia. — Ela a elogia, ganhando um sorriso enrugado. 

— Foi um prazer, a senhora e sua neta sempre foram muito generosas e acolhedoras. 

A avó de Marina vinha de Kanto, uma região oriental e muito tradicional, por isso ela não falava com o sotaque Kalosiano e seus trajes eram bastante típicos, assim como sua casa, vestindo-se com um quimono e calçando chinelos de madeira.

— Vovó, a Yvi gostaria conversar com a senhora sobre a pedra.

— Sem problemas, minhas filhas, gosto muito de conversar e contar histórias.

— Fico feliz com isso, tenho algumas coisas para lhe contar, mas antes pode me dizer de que maneira conseguiu esse objeto?

— Hai, claro que posso, menina. Bem, tudo começou há muito tempo atrás, quando eu ainda era uma garotinha, na minha terra de origem...

...tinha longos cabelos negros e uns olhos enormes, bem diferente de minha aparência hoje em dia, hehe...

...Eu adorava passear, ir para florestas e jardins caçar Pokémon e pegar conchas, pedras e besteiras do tipo. Adorava colecionar qualquer objeto inútil, para ser mais precisa. Eu sempre ia acompanhada de meu Pokémon de estimação, Aiki, um Growlithe muito esperto. Sempre que farejava algo de interessante, ele uivava para me avisar...

...Um dia, Aiki e eu estávamos nos aventurando pela praia, quando ele encontrou alguma coisa. Eu então o pedi para cavar a areia, e foi aí que encontramos essa bela pedra que guardo até hoje.

— E o que aconteceu com a senhora para vir morar em Kalos? — Yvi despertar curiosidade.

— Bem, uma grande crise afetou a região, fazendo com que eu e minha família nos mudássemos para cá. Não pudemos levar quase nada na viagem, pois o ônibus decadente em que viajamos era muito apertado, mas essa pedra eu fiz questão de guardar para lembrar dos bons momentos em Kanto. É meu xodó.

— Que linda história, senhora Hayashi, muito obrigado por ter me contado!

— É mesmo muito bonita, vovó conta sempre, mas eu nunca canso de ouvir.

— Haha, deixem de bobagens, minhas filhas. Agora me diga, menina, o que queria me falar?

— Oh, não era de muita importância, eu reparei que o Pokémon do ladrão aparentemente ficou mais forte quando entrou em contato com essa pedra, mas acho que eu só estava pensando maluquices.

— Acredite ou não, eu às vezes sinto uma energia muito poderosa vindo dessa joia, mas também pode ser que eu esteja ficando caduca.

— Oh, sério, senhora?

— Hai, mas isso já é história para outro dia, está ficando tarde e já é hora de dormir.

— Mas vó, ainda está muito cedo!!

— Nada disso, Marina, amanhã você terá escola e Yvi também precisa descansar depois de um dia tão turbulento.

— Deixe, Marina, sua vó tem razão, só vou jantar alguma coisa e ir para a cama, estou cansada e tenho muito trabalho para amanhã.

— Tudo bem então, amiga, muito obrigado por tudo mais uma vez! 

— Não precisa agradecer, já disse, vocês fizeram e ainda fazem muito por mim. — Yvi declara, ganhando um sorriso e um abraço de Marina.

Depois de se despedir da garotinha e de sua avó, a jovem caminha de volta para casa, não vendo a hora de comer alguma coisa e logo ir se deitar.

Em algum lugar dentro de Lumiose, um homem vestido de laranja, acompanhado de outras pessoas semelhantes, fazia uma ligação.

— Bonsoir, chefe, já está tudo preparado, o evento está para começar.

— Excellent, meninos, podem ter certeza que irão receber uma grande promoção do chefe, eu e as cientistas também já estamos com tudo arquitetado. E a Essentia, como vai?

— A colocaremos para funcionar quando estivermos prestes a entrar.

— Grand! Continuem assim, aguardo notícias.

— Certo, desligando.

Continua!